Vários Autores - A Caverna dos Magos
O MUNDO DA MAGIA
Se um dia você for à pequena aldeia de Cader Idris, em Corris, no vale das
grandes montanhas Welsh, encontrará a entrada de algumas cavernas
enormes, conhecidas como Labirinto do Rei Arthur. Em seu interior, está
sentado um menino mago chamado Myrddin, popularmente conhecido
como Merlin, que uma vez profetizou a chegada do guerreiro rei Arthur e
previu a batalha entre um dragão branco e um dragão vermelho pelo futuro
da nação galesa. O menino, de aparência inteligente e cabelo louro, em sua
túnica de tecido de saco, não é real, claro, e sim um modelo aparentemente
vivo de um dos muitos magos que, durante gerações, praticaram a sua
antiga arte da magia.
Porque, acredite, os magos são reais e não apenas personagens
imaginários das mentes de contadores de histórias como T. H. White, J. R.
R. Tolkien e, mais recentemente, J. K. Rowling. Fato é que os magos têm
estado por aí há séculos. Na Bíblia, no Capítulo 19 de Isaías, eles são
chamados de “feiticeiros”, e você pode encontrá-los também nos poemas de
John Milton, que mencionam “magos com estrelas reluzentes... exalando
doces odores”, e na peça de Shakespeare A tempestade, apresentando o
mago Próspero. Na maioria das vezes, são descritos como homens mais
velhos: altos, com barba, cabelo ondulado, vestindo longos mantos
decorados com símbolos místicos e segurando bastões mágicos. Também
existem as mulheres feiticeiras, conhecidas como magas, e uma, muito
famosa, é mencionada por Percy Shelley em seu livro de fantasia A bruxa
de Atlas com as seguintes palavras: “Todos os dias aquela senhora maga
sentava-se reservadamente, decifrando rolos de Venerável antigüidade.”
Não obstante, cada uma daquelas pessoas começou o aprendizado da magia
quando ainda jovem, e não poucas, subseqüentemente, se tornaram o foco
de mitos e de lendas, bem como de inspiração para contos. No passado,
sempre se falava a respeito desses fazedores de magias em sussurros, numa
mistura de temor e respeito; hoje, eles talvez sejam mais conhecidos como
“magos”.
Então, o que é um mago? Segundo os dicionários, são pessoas
conhecedoras das artes ocultas e que praticam a magia e a feitiçaria.
Também são sábios, podem ver o futuro e hipnotizar pessoas comuns.
Foram instruídos na magia e nos encantamentos e usam uma linguagem
característica, muito diferente das expressões comuns freqüentemente
associadas à magia, como Abracadabra! e Abre-te, Sésamo! Os magos
vivem em um mundo em que praticamente tudo é possível: conseguem
alterar a própria aparência — uma habilidade conhecida como “mutação de
forma”—, transfigurar todos os tipos de objetos inanimados e até se tornar
invisíveis. Podem ver fantasmas, evocar poderes sobrenaturais e criar
enorme felicidade ou pôr em prática uma terrível vingança. Mas os magos
não são maus. Apesar de alguns deles terem cedido às tentações e feito mau
uso desses poderes, não os usam necessariamente para infligir danos.
Embora possam fazê-lo, ao lutar contra pessoas más e criaturas mortais ou
quando envolvidos em batalhas contra as forças das trevas.
Um dos primeiros livros de contos sobre magos foi O mago
desmascarado, escrito em 1652.
Ninguém sabe quem foi o seu autor, mas, acredita-se, pode muito bem
ter sido um mago, considerando o conjunto de informações que o livro
contém acerca da arte secreta. Ele até apresenta a lista de alguns magos
sobre os quais se comentava que faziam magia em Londres naquela época.
Havia o “homem astuto” em Bankside, um “mago peludo” em Pepper Alley
e o “doutor Forman”, com as suas “bochechas de gaita-de-foles” em
Lambeth. Ainda mais intrigante eram a mãe Broughton, em Chick Lane, e o
jovem mestre Oliver, que vivia em Turnbull Street. Ele, obviamente, foi um
bom discípulo e aprendeu a arte da magia com mais rapidez do que a
maioria. Embora pouco se saiba sobre Gliver além de seu nome, ele fez
parte de uma tradição antiga e foi precursor de alguns jovens magos
mencionados neste livro.