Um resumo de algumas da maiores crises econômicas da história: A Crise de 1294; A Crise das Tulipas; A Crise da South Sea Company; A Crise do Crédito de 1772; O Pânico de 1797; O Pânico de 1819; A Crise de 1837; O Pânico de 1857; A Crise de 1873; O Pânico de 1890; A Longa Depressão de 1873-1896; O Encilhamento: Brasil; A Crise Bancária Australiana de 1893; O Pânico de 1893; O Pânico de 1896; O Pânico de 1907; A Crise de 1920-21; A Crise de 1929; A Recessão de 1937-38; A Crise do Petróleo de 1973; A Crise Econômica de Camarões; A Crise Bancária Israelense; A Crise Econômica do Japão; O Colapso Econômico da União Soviética; A Crise Bancária Sueca; A Crise Bancária Finlandesa; A Crise do México; A Crise da Ásia; A Crise da Rússia; A Crise da Argentina; A Crise da Internet; A Crise Financeira Internacional ; A Crise da Dívida Soberana Europeia.
Alves Waldon Volpiceli - Uma Breve História das Crises Econômicas PDF
Crise. Esta palavra acompanha a economia, a
administração, a política, a medicina e até a psicologia. Crise é
algo que ninguém controla. Crise é algo que todos temem. Em
economia representa a culminação de erros em série, a
tragédia que poderia ser evitada, mas não foi. A palavra “crise”
para designar um fato desastroso é oriunda de uma antiga
lenda grega. Durante a guerra de Tróia as tropas gregas, a
mando de Agamenon, seqüestraram a filha de Crises,
sacerdote do deus Apolo, de nome Criseida, e recusou-se a
entregá-la mesmo depois de Crises pagar o resgate. Enfurecido
com a atitude de Agamenon o deus Apolo enviou uma praga
contra o seu exército, deixando doentes os seus soldados. Para
evitar mais sofrimento Agamenon libertou Criseida. Vem daí o
termo crise para designar algo trágico que causa sofrimento. Os
romanos deram outro conceito à palavra. Para eles o termo
crise tinha sentido parecida à palavra vento. Indicava um estado
de alternância que, uma vez mudado, nunca mais voltava ao
que era antes. Seja de onde venha o termo, crise é algo que
poucos querem experimentar. Para o liberalismo econômico a
causa da crise está no fato de o ser humano desrespeitar as
leis básicas que regem a economia. Tentando intervir nelas, o
ser humano acaba por não controlar suas forças, criando algo
que ninguém domina o que só pode resultar em alguma
tragédia, pois nenhuma manipulação pode durar muito tempo.
Cedo ou tarde a crise ocorre. Ela vem, portanto, de uma
interferência indevida, de algum agente externo, que
desrespeita as leias básicas que regem a economia. Por isso os
liberais defendem o principio do “laissez faire laissez passe”,
traduzindo: “deixar fazer, deixai passar”, que se tornou um
chavão no liberalismo, significando que o mercado deve
funcionar livremente, sem interferências. Para melhor
exemplificar esta idéia, Adam Smith, o criador do liberalismo
econômico, mostrou que a economia é regida pela lei da oferta
e da procura, ou seja, o preço de um produto é determinado
pela oferta que é a quantidade do produto posta à venda e pela
procura que é a quantidade de pessoas interessadas em
adquirir, comprar, aquele produto. Baseado nisso Smith explicou
bem como funciona a inflação e defendeu a derrubada de
barreiras alfandegárias até para controlá-la, pois quanto mais
produtos fossem oferecidos, vindos do exterior inclusive, se o
país não conseguisse produzi-los, menor seria seu preço. Smith
defendeu a idéia da livre circulação de mercadorias, vencendo
no mercado aquele que tivesse maior competência, ou mérito.
Para conseguir este mérito os países acabavam por incentivar a
inovação tecnológica, o que não acontece em mercados
fechados, afinal se está proibido que produtos estrangeiros,
inclusive melhores, entrem em meu país então para que inovar?
Smith defenderá a idéia de que o ser humano é egoísta por
natureza. Segundo Smith os comerciantes em geral (ele dá os
exemplos do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro), não nos
vendem estes produtos por altruísmo, ou seja, porque querem
ajudar a humanidade. Eles visam lucro. Para eles. Na verdade,
segundo Smith, todos são egoístas. Todos querem lucrar. No
entanto Adam Smith não considerará este sentimento tão
nefasto assim. Movido pelo seu próprio interesse egoísta, que
Smith chamou de “self-interest”, o comerciante, por exemplo,
sem querer, acaba beneficiando, com seu egoísmo, a
sociedade, pois oferece os produtos que nós precisamos para
sobreviver. É baseado neste egoísmo que alguém monta um
armazém, por exemplo, perto da sua casa, facilitando a sua
vida para a compra de produtos. A pessoa que montou o
armazém não fez isso para ajudar a comunidade em redor dele
oferecendo um lugar perto da sua casa para você comprar algo
de que precisa. Ele visa o lucro dele, mas sem querer, ele te
ajudou, pois ofereceu bens que você precisa para seu uso,
perto de sua casa, te beneficiando. É por causa do egoísmo
que os operários fazem greves, por exemplo. Eles pensam em
ganhar mais, eles pensam neles. Um grande exemplo atual
deste egoísmo, que ajuda a humanidade, é a criação de
remédios, por exemplo. Muitos não conseguem entender o
grande avanço medicinal da humanidade. Seriam pessoas
abnegadas que criaram todos os remédios que nós tomamos e
que nos salvam a vida? Na verdade não. Os remédios que
salvam milhões de vidas foram criados não pela abnegação de
alguns românticos, mas pela lógica do egoísmo. Competindo
em um ambiente de livre mercado, em um ambiente de “laissez
faire laissez paisse”, os laboratórios farmacêuticos, os grandes
responsáveis pelas descobertas medicinais, precisavam investir
na descoberta de novos remédios para atender o desejo de
cura de grande parte da população. Os laboratórios fizeram isso
por amor ao mundo? Não. Eles investiram centenas de milhões
em dinheiro para descobrirem um produto no qual ganhariam
centenas de bilhões, também em dinheiro. E com esse afã por
lucro investem em tecnologia, em inovação e salvam a vida de
muitos milhões de pessoas. Foi o que Smith chamou de “mão
invisível”, ou seja, ele mostrou como a economia de mercado,
livre, pode fazer com que os indivíduos se interajam entre si,
ajudando-se mutuamente, apesar de sua natureza egoísta, que
está em todos os humanos. A crise, portanto, surge, segundo
os liberais, quando algum agente externo, normalmente o
estado, interfere em todas estas leis naturais, defendidas por
Adam Smith. É daí que surgem as crises ou grande parte delas.
Já para os keynesianos a crise era o resultado da falta de
investimento, pura e simples. John Maynard Keynes afirmava
que o investidor era um animal arredio, um “animal spirit”, que
sempre quer acumular mais capital. Enquanto essas
circunstâncias não vinham, ele se recusava a investir,
aguardando por uma situação mais favorável. Enquanto não
investia a sociedade padecia. Essa ausência de investimento é
que paralisava a economia, gerando a crise. Nessas
circunstâncias cabia ao estado intervir na economia, sendo o
investidor dela, gerando demanda, fazendo assim o investidor
acreditar que pode investir mais. Caberia ao estado investir em
obras públicas essenciais ao funcionamento de determinada
região, gerando consumo, pois as obras dependiam das
compras que o estado fazia nas empresas e também gerando
empregos, que gerariam consumo, fazendo o investidor
enxergar a situação favorável que ele sempre espera. Keynes
disse que se inspirou nesta idéia ao estudar a economia do
Egito Antigo, onde os Faraós, através da construção das
pirâmides, esfinges, templos e outros monumentos (chamados
pejorativamente de obras faraônicas) faziam a economia
egípcia se movimentar nos intervalos das plantações, onde
normalmente havia uma estagnação. A crise, portanto, segundo
Keynes, seria oriunda da falta de investimento, do medo do
investidor, medo esse que poderia acabar, com a interferência,
pontual, do estado no jogo econômico.
Já para a teoria marxista crise representa um momento de
transição que levará a uma recessão. Refere-se ao período em
que o andamento normal da economia sofre um revés. Para os
marxistas a crise incentiva o conflito de classes ou a revolução
social e era, segundo esta teoria, algo natural dentro do sistema
capitalista, pois a concorrência provocava a anarquia da
produção em massa. Sem regras que a definissem, a produção
dentro das empresas sempre tendia a crescer gerando
superprodução e, com os salários dos trabalhadores achatados,
haveria pouco consumo, gerando quebradeira de empresas,
demissões em massa, que gerariam menos consumo e, por fim
a própria crise. Nestas condições Marx enxergava um
acirramento da luta de classes dentro do sistema econômico
capitalista, pois ele, segundo a teoria marxista, estava voltado
ao lucro e não às necessidades sociais da população (uma
prova que Marx dava era que sempre que havia superprodução
na agricultura os estoques eram destruídos e não distribuídos à
população faminta). Mas Marx enxergava também que o
capitalismo sempre tendia à acumulação de riqueza e produção
em poucas empresas destruindo os pequenos proprietários,
gerando uma proletarização inclusive dentro da burguesia,
gerando o colapso do sistema, que acabaria sendo substituído
por outro. No entanto Marx nunca teria chegado a uma
conclusão definitiva sobre a natureza das crises no capitalismo.
Como se pode ver a crise é explicada sob diversos
ângulos. Normal, já que a economia não é uma ciência exata,
mas sim humana. Se ela fosse exata não haveriam as crises.
Não caberá a este livro explicar mais as teorias econômicas e
suas definições de crise, mas apenas dar uma geral, uma
análise rápida nas diversas crises que a humanidade sofreu,
explicando-as pela melhor teoria econômica vigente ou não as
explicando, deixando as interpretações à sua argúcia. Bom
conhecimento.